Direção: Serge Le Péron - 2008
Duração: 98 min
Título original: Françoise Dolto, le désir de vivre
Assisti o filme em francês, seu título é Françoise Dolto, le désir de vivre , o desejo de viver.
Belíssima homenagem e biografia desta mulher que revolucionou a psicanálise infantil.
Através de dois casos de crianças traumatizadas pela guerra, o filme retrata seu trabalho. É a época do começo, ainda no hospital onde o diretor instigado por uma enfermeira fica irritado com seu trabalho até que percebe uma cura. Anos mais tarde já é a Dolto (Josiane Balasko) que conhecemos.
Uma das crianças traumatizadas retorna já adulto para falar o com ela e agradecer sua cura e então ela diz: o que te curou foi o teu desejo, é preciso desejar viver.
É este desejo que ela tenta devolver às crianças e o fez até sua morte.
Há uma cena terrível que me tocou muito. Uma criança entra no quarto onde a irmã está morta, quer vê-la e a mãe a impede alegando que foi por sua culpa que a irmã está morta, pois ela não rezou como devia, o quanto seria necessário, pois Deus a teria ouvido se o fizesse corretamente, e por isto sua irmã morreu.
Pensem na carga de culpa que esta criança acaba de receber e o que isto trará para sua vida. As vezes os pais dizem coisas que são terríveis. Mas o mais inacreditável é que isto aconteceu com a própria Dolto. Na morte de sua irmã Jaqueline lhe disseram que teriam preferido que ela morresse ao invés da irmã, e que foi por culpa sua uma vez que não rezou o suficiente. Este fato foi a causa do desejo de Françoise de se tornar psicanalista mais tarde.
Um dos meninos, o que ela curou, ouviu quanto tinha em torno de 2 a 3 anos as pessoas chamarem sua mãe de puta e rirem e denegri-la. O outro culpa o pai por ter obrigado sua mãe a levar no carrinho de bebê, embaixo dele, armas para a resistência. Ela acaba presa e morreu num campo de concentração. Ele sonha com isto, com o rosto da mãe enquanto os homens colocavam as armas e diz que eles não se importavam com ele, o bebê.
Por outro lado, há uma cena onde seu filho, de Dolto, reclama sua atenção e ela lhe diz: marque uma sessão! o pai, seu marido, faz de tudo para deixá-la trabalhar em paz afastando as crianças. O preço que se paga pela dedicação a algo? ou seria possível não ser assim?
O filme está no Youtube em francês: https://www.youtube.com/watch?v=CCXT2LQBQPU
Françoise terá que lutar contra a mãe que não a queria doutora e deseja que ela case. Sua mãe acredita que a profissão de médica é antagônica com seu destino de se casar. Ela então aprendeu a costurar, mas depois de participar de um concurso de desenhos em cartazes, também foi proibida de continuar. Depois tentou a cerâmica, mas não lhe agradou passar a vida nisto, apesar de manter suas inclinações artísticas por toda sua vida. Em 1929 sua mãe permitiu que estudasse Enfermaria, esperando que desistisse de ser médica.
Dolto não desistiu e se formou em Medicina. O rompimento do noivado arranjado pelos pais lhe trará sintomas neuróticos e sentimentos de culpa, o que a levará a fazer análise com René Lafargue.
Serge Le Peron nasceu em 13 de maio de 1948 em Paris, França
Direi apenas que Françoise Dolto foi uma mulher completa, a quem, não só a Psicanálise muito deve, mas também a humanidade.
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