Escrito por Elisabeth Kapnist e Elisabeth Roudinesco
Título Original: Jacques Lacan: La psychanalyse réinventée
Duração: 62 min
Baseado no livro: Jacques Lacan: esboço de uma vida, história de um sistema de pensamento de Elisabeth Roudinesco.
Documentário francês patrocinado pelo Ministério da Cultura da França
O documentário inicia-se com Lacan chegando para um conferência em Louvain em 1972. É composto por depoimentos de vários intelectuais e psicanalistas que participaram deste momento que eles chamaram de movimento inventivo (Pontalis) e de partes com Lacan falando.
Lacan fala do estado do espelho quando o bebê se espelha no outro, o que o leva a dizer que o moi (eu) é um resultado do outro.
Ele não se situa mais no universo clássico da representação, mas no universo da pintura moderna - como Picasso em relação à pintura clássica - onde as representações estão fraturadas, fragmentadas como um nariz que se move e não se encontra no centro do rosto, e também no do Barroco. É um Freud desmedido.
Jacques Lacan nasceu no dia 13 de abril de 1941 em Paris de uma família burguesa católica. Estudando Nietzsche e Spinosa ele rejeita o catolicismo. Dirá que o uso do uniforme da escola lhe trouxe a convicção intima de que os mais violentos machucados, marcas psíquicas surgem sempre do interior da coletividade submissa a maior normalidade.
Ele irá estudar psiquiatria e se interessa pela paranoia - psicose. Freud comparou a paranoia a um sistema filosófico (por ser uma loucura coerente) e Lacan fez dela um modo de razão lógica inscrito no coração da personalidade humana. Sua tese será sobre a paranoia - o caso Aimée.
A suposição do paranoico é que qual seja a desordem das aparências tem que ter em algum lugar um real escondido do qual ele está absolutamente certo e que lhe dá seu senso, sentido, a tudo que ocorre e este real é geralmente um complô ou um crime preparado contra ele. Lacan fala da paranoia como algo que esclarece a estrutura do desejo de conhecer. Quando queremos conhecer as coisas obscuras somos necessariamente paranoicos. E isto fascina Lacan.
1932 - Aimée agride uma artista comediante - ao atacar a artista ela atacou seu ideal de eu ao qual ela ela se identificava mais.
1933 - Irmãs Papin - atacam o ideal de mestre que tem em si. ( as irmãs assassinaram sua patroa e a filha desta).
Sobre esta loucura feminina Lacan dirá que é um teatro da crueldade surgido desde tempos imemoriais.
Em 1934 Lacan casa-se pela primeira vez. Tem três filhos: Caroline, Thibaut e Sibille. Três depois de casado apaixona-se por Sylvie Bataille que está separada, mas ainda casada oficialmente com George Bataille e com quem tem uma filha - Laurence, que irá se tornar uma psicanalista. Em 1941 nasce Judith, filha de Lacan com Sylvie. Ele se casará com ela após o fim da segunda guerra.
Os Seminários eram um movimento inventivo onde todos sentiam-se participando. Após a Segunda Guerra Lacan abandona os filósofos alemães como Hegel e se volta para a estrutura simbólica da subjetividade. Apoia-se em Claude Lévi-Strauss e Roman Jakobson para fazer do inconsciente uma cadeia de significantes.
O estudo de Lévi-Strauss - As estruturas elementares do parentesco - mostra que a interdição do incesto (uma ruptura, obediência à lei) faz a passagem da natureza para a cultura. O Incesto é algo que o ser humano deseja e por isto deve ser proibido, interdito. As relações de parentesco é estrutural - determina a estrutura simbólica da sociedade,através das regras que devem ser seguidas. Regras estas que atuam no inconsciente.
Lacan também se apoia nos linguístas, como Jakobson e Ferdinand de Saussure. Quando falamos mobilizamos numa ordem absolutamente aleatória estruturas, ou seja, diferenças (de fonemas, de palavras). Estas diferenças se articulam segundo uma lógica. A cura analítica exibe esta lógica. Esta cadeia de significantes não se fecha, como uma pulseira, ela explode o fecho, e se se fecha é sobre um termo ausente.
Foi em 1953 em Roma, cidade pela qual Lacan é apaixonado (interessante que Freud também tinha uma ligação muito forte com a Itália), que ele definiu os três termos maiores - Real - Simbólico e Imaginário.
No qual o S - Simbólico é o que nos determina pelas estruturas. O R - Real - é o que escapa a simbolização (as loucuras, as pulsões, o ilimitado) e o I - Imaginário que é o lugar das ilusões do eu, mas atenção, estas ilusões existem, vivemos num mundo de ilusão, de representações.
É o Real que suscita o Imaginário e o Simbólico.
No quarto episódio Lacan fala e diz que por um tempo acreditamos que os psicanalistas sabiam alguma coisa. Mas não é mais assim. O cúmulo dos cúmulos é que eles mesmos não acreditem mais, no que eles estão errados, porque justamente eles sabem um tanto. Só que exatamente como para o inconsciente na sua verdadeira definição, eles não sabem que o sabem.
Em 1950 Lacan cria o tempo lógico na análise o que irá criar muitas controvérsias. É o tempo variável na sessão de análise, que com o corte fará o paciente perder menos tempo pronunciando palavras vazias. O tempo de uma sessão desde Freud era estabelecido em torno de 50 min. Lacan fazia sessões que duravam poucos minutos.
Em uma de suas aparições no documentário Lacan diz: A transferência é o amor. Por que amamos um ser igual? e deixa a questão no ar.
No final da vida Lacan começa a falar cada vez menos. É como se estivesse no Real. Talvez o real da morte que se aproxima. Ele dirá a morte - é do domínio da fé. Ele faleceu em 09 de setembro de 1981.
Assistam aos episódios: O documentário é em francês. Abaixo o link para a versão em espanhol.
Parte 1:
https://www.youtube.com/watch?v=ahuNN96G7jM
Parte 2:
https://www.youtube.com/watch?v=h5seDIumGwQ
Parte 3:
https://www.youtube.com/watch?v=ZYWf2nbF-wg
Parte 4:
https://www.youtube.com/watch?v=kfmYy0kb5Ho
Parte 5:
https://www.youtube.com/watch?v=ahuNN96G7jM
Versã Completa em Espanhol:
https://www.youtube.com/watch?v=zh3VXO7j7-c
Participaram do documentário:
- Maria Belo - Psicanalista
- Jacques Derrida - Filosofo
- Christian Jambet - Filosofo
- Juliet Michell - Psicanalista
- Jean Bertrand Pontalis - Psicanalista
- Elisabeth Roudinesco - Historiadora.
Jacques Lacan